quarta-feira, 27 de maio de 2009

Na prática, o Brasil não precisa de educação

Que a educação brasileira (pública ou privada) é um lixo, ninguém discute. É interessante perguntar por quê. Exprimindo de outra forma: a demanda por gente qualificada no Brasil é represada porque a educação é de má qualidade ou a educação é de baixa qualidade porque não há necessidade de gente qualificada?

A opinião dominante é a primeira, a qual parte do pressuposto de que as expectativas relativas à educação seriam anteriores a quaisquer outras expectativas.

Tornou-se comum atribuir à educação (ou melhor, à falta dela) toda e qualquer mazela que se identifique na sociedade.

Contingentes alentados de eleitores continuam a votar em ladrões contumazes, representantes de oligarquias jurássicas e assim por diante? É culpa da educação.

Parlamentares usam o mandato para abiscoitar granas diversas, contratar cupinchas às custas do dinheiro público, enviar namoradas, parentes e amigos para lugares aprazíveis? É o nível educacional.

Flanelinhas achacam motoristas e a polícia não faz nada? É certamente problema da educação.

Empresas privadas fazem o que querem do consumidor, que permanece inerte, sem reclamar? É porque a formação do consumidor é precária.

Já que o nível educacional afeta todas as interações sociais, e já que a educação no Brasil é de baixa qualidade, segue-se que se resolveriam inúmeros problemas pelo expediente de melhorar a educação.

Não é bem assim. Educação é decerto uma condição necessária para se desenvolver consciência política, ou noções a respeito dos direitos básicos de um cidadão, incluindo-se o direito de não ser garfado pelo Estado ou por empresas. Em outras palavras, sem educação não é possível nem uma coisa nem outra.

Contudo, educação não é uma condição suficiente para se atingir tais objetivos. Ou seja, não basta educar, ou tentar educar. Outras condições precisam estar presentes, em particular econômicas. Não se pode ser “cidadão” na miséria.

Mas continuemos.

É certamente verdadeiro que seria bom se todo mundo tivesse educação de boa qualidade.

É também verdade que não se obtém educação de boa qualidade sem investimentos.

Daí o senso comum conclui que o problema do Brasil é que não se investe o suficiente em educação. A solução, portanto, seria investir mais.

Poucos se dão ao trabalho de se perguntar quais são as condições que um país qualquer deve cumprir para que possa investir mais em educação.

Diferentemente do que aprecia o senso comum, tais condições não decorrem de “vontade política”, expressão essa, aliás, de pouco significado — “vontade política” se traduz em orçamento; havendo orçamento há “vontade política” e vice-versa.

Nenhuma sociedade investe na educação para que as pessoas sejam felizes, ou para desenvolver a sua cidadania. Faz-se isso caso exista noção clara a respeito de por quê, materialmente, se quer educar. Por menos que seja agradável aos que enxergam na educação uma espécie de missão humanística, na prática educa-se para formar pessoas que, no futuro, ocuparão postos no mercado de trabalho para cumprir funções bem determinadas.

E isso depende de planejamento econômico, não de qualquer outra coisa.

O exemplo cansativamente repetido da Coreia do Sul, que investiu pesadamente em educação, costuma suprimir o fato de que a reforma educacional coreano não aconteceu no vazio, mas se processou como capítulo do programa de desenvolvimento adotado pelo país.

Como o Brasil não tem plano de desenvolvimento, a demanda por educação de boa qualidade não se exprime. Pior ainda, mesmo sem perspectiva de futuro a demanda por pessoas qualificadas é minúscula, porque aqui não se inventa nada, importa-se quase tudo.

Empresas industriais se transformaram em maquiadoras de produtos desenhados fora. Quando se ouve falar da “indústria” tal ou qual, no mais das vezes não é de fato uma indústria, mas uma empresa comercial.

A capacidade brasileira de adicionar valor agregado ao que se produz é irrisória.

O número de patentes brasileiras registradas nos EUA (que é o indicador geralmente aceito para a capacidade de inovação de uma economia) é o mais baixo dos países emergentes, e mais baixo do que muitos subdesenvolvidos.

Com isso, o mercado de trabalho brasileiro demanda vendedores, intermediários e indivíduos capazes de replicar algumas rotinas em processos produtivos e de distribuição formulados em outro lugar. São funções que não têm grande necessidade de educação.

Em outras palavras, a educação brasileira é ruim porque a economia brasileira não tem necessidade real de gente qualificada. Se tivesse, exerceria pressão sobre o sistema educacional.

Enquanto não se compreender que não existe futuro sem desenvolvimento, e se imaginar que se pode construir uma sociedade melhor somente com palavras de ordem bem-soantes mas objetivamente inócuas, como é o caso do discurso dominante sobre educação, permaneceremos na mesma.


Claudio Weber Abramo

Claudio Weber Abramo é diretor executivo da Transparência Brasil. Bacharel em matemática (USP) e mestre em filosofia da ciência (Unicamp). Antes de juntar-se à Transparência Brasil, sua principal atividade profissional foi na área de comunicação e, nesta, no jornalismo. Organizou o livro A Regra do Jogo, do jornalista Cláudio Abramo, seu pai. Colabora freqüentemente com a imprensa e é autor de artigos em publicações especializadas a respeito do tema da corrupção e seu combate.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/claudioabramo/

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sabe tudo sobre o novo Enem? Confira 20 perguntas e respostas sobre a prova.


Por que o Enem mudou?
Segundo o MEC, o vestibular seleciona os melhores estudantes e cumpre sua função. Mas com a unificação dos vestibulares pelo novo Enem, o candidato terá mais chances de ingressar em uma universidade, pois poderá se candidatar a diversas instituições simultaneamente, com diminuição de custos - como o de taxa de inscrição e de viagens para realizar os exames. Além disso, o ministério pretende dar orientações mais claras para mudanças no ensino médio, a partir do novo Enem.

Não era possível unificar os vestibulares com o Enem da forma antiga?
Segundo o MEC, o novo formato de prova tem mais capacidade de diferenciar as habilidades dos candidatos e de selecionar os ingressantes em uma faculdade. A prova tem questões com níveis de complexidade diferentes e poderá ser comparada ano a ano, já que seguirá um padrão.

O novo Enem terá quantas questões?
Serão 200 questões objetivas com cinco alternativas. Até o ano passado, eram aplicados 63 testes de múltipla escolha.

Haverá redação?
Sim. A redação está mantida no novo Enem, no mesmo modelo dissertativo - como já ocorria nas edições anteriores.

Quando será aplicado o novo Enem?
A prova está prevista para os dias 3 e 4 de outubro. A divulgação das notas nas questões de múltipla escolha ocorrerá em 4 de dezembro. O resultado final, incluindo a redação, sai no dia 8 de janeiro de 2010, diz o MEC.

O conteúdo cobrado vai mudar?
A prova continuará a avaliar habilidades e competências. O ministro Fernando Haddad já afirmou que o conteúdo cobrado deverá se aproximar um pouco do que é exigido nos vestibulares. O Enem passará, então, a exigir mais conteúdo do que nas edições anteriores.

Quais serão as matérias avaliadas?
Serão avaliadas quatro áreas do saber: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Cada uma das áreas deverá ter cerca de 50 testes.

Como devo me preparar para o novo Enem?
Segundo o MEC, quem está se preparando para o Enem antigo e para os vestibulares não terá problemas na resolução da nova prova.

Vai ser preciso saber fórmulas de física e química?
De acordo com o MEC, a intenção é diminuir e até mesmo acabar com a "decoreba". As questões deverão fornecer as fórmulas necessárias. Isso não significa que a pergunta vai ficar mais fácil! Será necessário ter bom conhecimento das disciplinas e saber, de verdade, utilizar as fórmulas.

Será preciso estudar datas históricas?
Pela proposta, a ideia não é cobrar conhecimento enciclopédico. Ou seja, os testes não deverão conter pegadinhas sobre anos ou dias de determinados fatos históricos. O que será cobrado do candidato é o conhecimento aprofundado da história, da relação entre os fatos e as implicações do conhecimento do passado no presente.

A prova terá atualidades?
Os vestibulares tradicionais e o próprio Enem antigo costumam cobrar atualidades de maneira contextualizada. Ou seja, as atualidades servem como "gancho" para formular um teste ou para o tema da dissertação. Sempre é bom estar informado, para ter facilidade ao elaborar relações entre conteúdos e construir argumentos em um texto.

O exame terá questões de inglês?
Em 2009, a prova não terá perguntas de língua estrangeira. Para 2010 são previstas perguntas de inglês e espanhol. O MEC ainda não definiu se o candidato poderá fazer a escolha entre um ou outro idioma.

Como as faculdades vão utilizar o novo Enem?
O MEC definiu quatro formas de utilização do novo Enem na seleção de estudantes. São elas:
1- usar o Enem como prova única para a seleção de ingresso;
2- substituir apenas a primeira fase do vestibular pelo Enem;
3- combinar a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional. Nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva;
4- usar o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.

Terei de escrever de acordo com as novas regras ortográficas?
Não. Segundo o decreto que regulamenta o acordo ortográfico, é possível escrever de acordo com a norma antiga até 2012. Os examinadores terão de aceitar as duas grafias.

Posso me candidatar a quantas faculdades com o novo Enem?
Será permitido que o vestibulando escolha até cinco opções de cursos em instituições de todo o país que aderirem à prova. É permitido escolher diferentes cursos em instituições distintas.

Universidades particulares e estaduais poderão adotar o novo Enem?
Sim. A adoção é aberta para as instituições que tiverem interesse. USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já informaram que não vão trocar seus vestibulares pelo novo Enem de 2009.

Como será a inscrição para os vestibulares?
O MEC vai criar um sistema na internet para a realização das inscrições. Será um sistema semelhante ao que já é usado no Prouni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas de estudo em universidades particulares. O processo todo será realizado pela internet.

Como sei se minha nota no Enem 2009 é suficiente para conquistar uma vaga?
O MEC informa que a nota mínima para ingresso em cada curso será atualizada diariamente, em tempo real. Assim, o candidato poderá saber se tem pontos suficientes para conquistar a vaga. Se não tiver, poderá modificar sua escolha quantas vezes desejar, até que termine o prazo de opção.

Como o ensino médio muda, depois do novo Enem?
É no ensino médio que os interessados em fazer uma faculdade se preparam. Se o processo seletivo de ingresso nas universidades mudar, as escolas terão de ensinar os estudantes. Assim, por conta de uma mudança na avaliação, o MEC pretende que ocorram mudanças no sistema de ensino.

Se o Enem quer pautar o ensino médio, quem já fez colegial terá mais dificuldade para fazer a prova?
Como a prova não exigirá domínio de conteúdos de memorização, mesmo quem já se formou poderá ter um bom desempenho. Mas a avaliação vai exigir capacidade de relacionar fatos, de aplicar conhecimentos das disciplinas e habilidades de interpretação de texto, gráficos e problemas.

Fonte: www.uol.com.br

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SEC discutirá Plano de Educação Profissional no território de Conquista

Nesta quinta-feira (07/05), a Secretaria da Educação do Estado realiza mais um da série de seminários sobre a modalidade de ensino associada ao desenvolvimento sustentável, destacando desta vez as especificidades do território de identidade Vitória da Conquista. A intenção da Superintendência de Educação Profissional do órgão é continuar a discutir as bases do Plano Estadual de Educação Profissional (2008-2011) de forma coletiva, de maneira que este se identifique com os vetores de desenvolvimento de cada região. Deste encontro, participarão as Direc 20, 13, 19 e 24.

O evento será realizado com a participação das empresas que atualmente investem na região, gestores públicos estaduais e municipais, educadores e demais trabalhadores da educação, sindicatos, agricultores familiares, ambientalistas, pais, estudantes, representantes de movimentos sociais e de organizações da sociedade civil. A intenção é colher idéias que possam melhor orientar o Governo do Estado em relação à implantação da educação profissional nas escolas estaduais, com o fim de fazer acontecer a inclusão social pelo trabalho.

Como nos seminários anteriores, serão formados no período da manhã grupos para debater as demandas sociais da educação profissional no território. À tarde, serão apresentados os trabalhos desenvolvidos em grupo e, por uma hora, o superintendente Almerico Biondi apresentará a proposta para implantação da educação profissional no território de Vitória da Conquista. Uma rodada de debates encerrará o encontro.

Fonte: ASCOM - SEC

sábado, 2 de maio de 2009

Dia Nacional da Matemática


O dia 6 de maio é dedicado aos estudos da Matemática. Em homenagem ao educador, escritor, e conferencista brasileiro, Júlio de Melo e Souza, que nasceu nesta data, foi instituído o Dia Nacional da Matemática. “Malba Tahan”, pseudônimo utilizado pelo educador, revolucionou o ensino de matemática com uma dinâmica própria e divertida.

Para comemorar a data, socializar atividades para o ensino de matemática e integrar sociedade e Universidade, o Curso de Matemática da Uesb, campus de Jequié, preparou uma programação toda especial, com exposições, palestras e atividades culturais. O evento acontece no dia 6, quarta-feira, a partir das 18h30, no Auditório Waly Salomão.

Para mais informações, ligue para (73) 3528-9621 ou (73) 3528-9737.

Confira o convite e o folder do evento.